José Eugênio
"Jô" Soares (Rio de
Janeiro, 16 de janeiro de 1938 – São Paulo, 5 de agosto de 2022), foi um humorista, apresentador
de televisão, escritor, dramaturgo, diretor teatral, ator e músico brasileiro. Ganhou
notoriedade no comando de programas de televisão em formato talk-show no Brasil
como o Jô Soares
Onze e Meia entre os anos de 1988 e 1999 no SBT e
o Programa do
Jô entre 2000 e 2016 na Globo.
Biografia
Nascido na cidade do Rio de
Janeiro, José Eugênio Soares foi o único filho do empresário paraibano Orlando
Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Pereira Leal. Pelo lado materno, foi
bisneto do conselheiro Filipe José
Pereira Leal, diplomata e político que,
no Brasil
Imperial, foi presidente da província do
Espírito Santo. Por parte de seu pai, foi sobrinho-bisneto de Francisco
Camilo de Holanda, presidente da província da Paraíba.
Jô queria
ser diplomata quando
criança. Estudou no Colégio de
São Bento do Rio de Janeiro, no Colégio São José de Petrópolis, e
em Lausana,
na Suíça,
no Lycée Jaccard, com este objetivo. Durante a estadia na Suíça ganhou o
apelido de "Joe", redutivo da
versão inglesa de seu nome, Joseph, bem como referência à popular canção "Hey Joe!", de Frankie Laine. Mais tarde
reduziria a Jô. Porém, percebeu que o seu senso de humor apurado e a
criatividade inata apontava para outra direção.
Retrato sob a guarda do Arquivo Nacional (Brasil).
Carreira
Detentor
de um talento versátil, além de atuar, dirigir, escrever roteiros, livros e
peças de teatro, Jô Soares também foi um apreciador de jazz e chegou a
apresentar um programa de rádio na extinta Jornal do Brasil AM, no Rio de
Janeiro, além de uma experiência na também extinta Antena 1 Rio
de Janeiro.1956 — Estreia na televisão no elenco da Praça da
Alegria, na época na RecordTV, onde ficou por
10 anos.
1965 —
Protagoniza a única novela de sua carreira, a comédia Ceará contra
007, a trama de maior audiência naquele ano no Brasil. Também na
Record.
1967 — Em
"Família Trapo",
roteirizava ao lado de Carlos
Alberto de Nóbrega e atuava como Gordon, o mordomo atrapalhado
e descompensado. Último trabalho na Record.
1971 —
"Faça Humor,
Não Faça Guerra" foi primeiro humorístico da TV Globo a contar
a com a participação do comediante. O programa em meio à Guerra Fria e
ao conflito do
Vietnã brincava com o slogan pacifista hippie "Make
love, don't make war" (Faça amor, não faça a guerra).
1973 —
"Satiricom",
novo humorístico da TV Globo, com direção de Augusto César
Vanucci, realizava roteiros com Max Nunes e Haroldo
Barbosa. A atração satirizava o título do filme homônimo de Federico Fellini -
"Satyricon".
Na promoção do programa, todavia, diziam que era a "sátira da
comunicação" num mundo que tinha virado uma "aldeia global",
expressão que esteve na moda depois dos primeiros anos da TV via satélite.
1976 —
"Planeta dos
Homens", nova sátira com o cinema - desta vez, a série
cinematográfica "O Planeta dos
Macacos", atuava com roteiros de Haroldo Barbosa.
1981 —
"Viva o Gordo",
com direção de Walter Lacet e Francisco Milani, foi o
primeiro programa solo dele. Tinha roteiros de Armando Costa. Deu origem ao
espetáculo do gênero "one man show" de Jô chamado "Viva o Gordo,
Abaixo o Regime" (sátira explícita
ao Golpe Militar
de 1964 ainda vigente àquela época). As aberturas do programa
brincavam com efeitos especiais usando técnica de inserção de imagens de Jô
entre cenas famosas do cinema (como em "Cliente Morto Não Paga" e
"Zelig") ou "contracenando" com políticos nacionais e
internacionais, como Orestes Quercia, Jânio Quadros, Ronald
Reagan etc.
1982 —
Participação no "Chico Anysio Show".
1983Participação
no musical infantil "Plunct, Plact, Zuuum".
Comentários
no Jornal da Globo até 1987.
1988 —
"Veja o Gordo", estreia no SBT com o mesmo estilo do "Viva o
Gordo" da Rede Globo. Estréia nesse ano, ainda no SBT, o talk
show "Jô Soares Onze e Meia" (1988–1999).
2000 —
Trazido de volta para a Rede Globo, onde apresentou o Programa do
Jô até 2016, e fez participação no especial de Natal do programa
"Sai de Baixo" — episódio "No Natal a Gente Vem Te Mudar"
(sátira ao título da peça de Naum Alves de Souza, "No Natal a Gente
Vem Te Buscar") como Papai Noel.
2018 —
Participa como comentarista do programa Debate Final, no Fox Sports,
debatendo sobre a Copa do Mundo FIFA de 2018.
Vida pessoal
O
apresentador falava, com diferentes níveis de fluência, cinco
idiomas: português, inglês, francês, italiano e espanhol,
além de ter bons conhecimentos de alemão. Traduziu um álbum de histórias
em quadrinhos de Barbarella, criação do francês Jean-Claude
Forest. Era católico, devoto de Santa Rita de Cássia. Em 25
de julho de 2014, foi internado no Hospital Sírio-Libanês, para tratar de
uma pneumonia, permanecendo no hospital por 22 dias.
Em 31 de
outubro de 2014, morreu seu único filho, Rafael Soares, no Hospital Samaritano,
na Zona Sul do Rio de Janeiro. Em 3 de novembro, dedicou o programa ao seu
filho, em que fez um discurso contando um pouco da história dele. Em 4 de
agosto de 2016, foi eleito para a Academia Paulista de Letras, assumindo a
cadeira 33, que pertenceu ao escritor Francisco Marins.
Morte
Jô Soares
faleceu em 5 de agosto de 2022, aos 84 anos, no Hospital Sírio-Libanês, na
cidade de São Paulo, onde estava internado desde o dia 28 de julho para
tratar uma pneumonia. A notícia de sua morte foi divulgada pela ex-esposa,
Flavia Pedras, em uma publicação em sua página pessoal no Instagram,
também confirmada pela assessoria de imprensa do apresentador. O hospital
não informou qual foi a causa da morte atendendo a um pedido do próprio ator à
família. No entanto, Anne Porlan, que era uma amiga pessoal de Jô, revelou
que o mesmo faleceu de causas naturais.
Sua morte
teve grande comoção e repercussão no Brasil e no mundo. Várias pessoas famosas
e autoridades lhe prestaram homenagens. As emissoras de televisão como a
TV Globo, SBT, TV Cultura, Rede
Bandeirantes e Viva alteraram suas respectivas grades de
programação previstas para os dias 5 e 6 de agosto, reexibindo alguns dos
trabalhos e entrevistas onde o humorista participou.
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